De 06 a 15 de dezembro, o Espaço dos Satyros receberá o evento Dezembro com Os Satyros, com 2 espetáculos recentes da companhia e uma abertura de processo. “A Casa de Bernarda Alba”, “Fluxo” e “ De quanto amor precisa uma pessoa?” serão apresentados na primeira quinzena de dezembro, encerrando as comemorações dos 35 anos de fundação da companhia.
A Casa de Bernarda Alba
“A Casa de Bernarda Alba”, escrita pelo renomado dramaturgo espanhol Federico García Lorca, concluída em 1936, poucos meses antes de sua morte, trata da obra e vida de Bernarda Alba, uma mulher autoritária e controladora, que vive com suas cinco filhas em uma casa na Espanha rural, após a morte de seu segundo marido, que desencadeia, um período de luto de oito anos.
Fluxo
“Fluxo” é um espetáculo realizado em processo colaborativo que trata das questões da juventude periférica da cidade de São Paulo. Em meio à batida do funk e à pulsação da quebrada, jovens da periferia de São Paulo vivem suas realidades em um baile que, de repente, é interrompido por uma operação policial. O que parecia ser apenas mais uma noite se transforma em uma viagem entre o passado, o presente e um futuro incerto. Com uma abordagem que mescla teatro, música, dança, circo e hip hop, FLUXO explora as cicatrizes deixadas pela pandemia, as tensões nas relações familiares, e as dores e amores de uma juventude que resiste. A narrativa, que se equilibra entre realidade e ficção, mostra as camadas complexas que compõem a vida na quebrada e convida o espectador a olhar além do óbvio e refletir sobre as dificuldades, as alegrias e as possibilidades de um futuro mais justo.
De quanto amor precisa uma pessoa?
Finalmente, “De quanto amor precisa uma pessoa?” é a abertura do processo de montagem do novo monólogo de Ivam Cabral, sobre a questão da relação com os animais e como o amor por eles foi fundamental para a sua sobrevivência durante os difíceis anos da pandemia. Em tom autobiográfico, este monólogo pretende abordar os momentos difíceis causados pela pandemia de Covid-19 e a importância do amor para a nossa sobrevivência emocional em momentos de crise e de isolamento. Os afetos na relação com nossos animais de estimação são abordados de forma delicada e profunda neste trabalho poético.
Os Satyros, 35 anos de história
Para o filósofo alemão Boris Groys, o trabalho atual do artista contemporâneo é o seu currículo. Parece-me uma analogia perfeita para a produção teórica e artística de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, que hoje colige teatro, cinema, ativismo urbano, pedagogia e psicanálise.
Quando fundaram Os Satyros, em 1989, por mais sonhadores e workaholics que fossem, dificilmente poderiam imaginar que o coletivo iria produzir 145 espetáculos, a serem encenados em 36 países, que receberiam todos os prêmios nacionais e inúmeros internacionais, capitaneariam a criação de duas escolas, revitalizariam o histórico Cine Bijou. Tampouco que seriam processados pela Associação da Moral e dos Costumes Escoceses, chocada com radicalidade da montagem A Filosofia na Alcova no Festival de Edimburgo de 1993; ameaçados de morte por “atrapalhar” o movimento de traficantes na Praça Roosevelt do início do século; sufocados pela gentrificação que quase os expulsou da região que eles mesmos ajudaram a revitalizar. Foram muitas aventuras, experiências, histórias boas e ruins que consolidaram uma mitologia em torno do grupo.
O repertório da companhia é vasto, transitando por diversos gêneros: commediadell’arte (Aventuras de Arlequim, 1989); teatro libertino (Sades ou Noites com os Professores Imorais, 1990); farsa (A Proposta, 1991); decadentismo (Saló, Salomé, 1991); pós-dramático (Hamlet-Machine, 1996); tragédia (Electra, 1997); simbolismo (Cosmogonia – Experimento nº 1, 2005); drama histórico (Liz, 2009); docudrama (Roberto Zucco, 2010); performatividade (Cabaret Stravaganza, 2011); metateatralidade épica (Inferno na Paisagem Belga, 2012), crítica social alegórica (Trilogia das Pessoas); matrizes identitárias (Cabaret Transperipatético, 2018); teatro digital (A Arte de Encarar o Medo, 2020), apenas para citar alguns exemplos.
Esses modelos, evidentemente, não representam índices estanques, mas, sim, expedientes ressignificados à luz das pesquisas do grupo, com foco, nas últimas duas décadas, seja em cena ou na produção intelectual de Cabral e Vázquez (por meio de livros e artigos), nas tipologias da narratividade, no teatro ciborgue e nas questões de gênero e decolonialidade.
A Casa de Bernarda Alba
Ficha Técnica
Direção Artística: Rodolfo García Vázquez
Assistente de Direção: Renatto Moraes
Elenco:
Alessandra Rinaldo
Alex de Felix
André Lu
Anna Paula Kuller
Augusto Luiz
Diego Ribeiro
Eduardo Chagas
Elisa Barboza
Felipe Estevão
Gabriel Mello
Guilherme Andrade
HeydeSayama
Isa Tucci
Isabela Cetraro
Julia Bobrow
Juliana Moraes
Karina Bastos
Luís Holiver
Mariana França
Neni Benavente
Raul Ribeiro
Tammy Aires
Vitor Camargo
Vitor Lins
Wil Campos
Pesquisa: Ivam Cabral
Tradução: Rodolfo García Vázquez
Adaptação: Ivam Cabral
Cenógrafo: Caio Rosa
Aderecista: Elisa Barboza
Iluminação: Flavio Duarte
Desenho de som: Thiago Capella e Felipe Zancanaro
Canções originais: André Lu
Trilha sonora original: Felipe Zancanaro
Voz off: Ivam Cabral
Berimbau gravado: Zé Vieira
Operação de luz: Flavio Duarte
Operação de som: Felipe Zancanaro
Técnicos de palco: Gabriel Cabeça e Jota Silva
Preparação vocal: André Lu
Direção de coreografia e flamenco: Neni Benavente
Figurino: Senac Lapa Faustolo
Curso livre de criação e desenvolvimento de figurino
Docentes: Maíra D. Pingo e Fábio Martinez
De 06 a 14/12, sextas e sábados, às 20h
Sessões com acessibilidade em Libras e audiodescrição
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos
R$ 60 (inteira); R$ 30 (meia) e R$ 10 (promoção caso o espectador assista a um outro espetáculo do Dezembro com os Satyros)
Fluxo
Coordenação: Rodolfo García Vázquez.
Direção: André Lu.
Elenco:
André Canário,
Clara Gomes,
Gustavo Parreira,
KarollMikaelly
Lara Cristina
Nathaly Braga
Menino Zumbi (Pedro)
Shayla Baila
VickVi
Werick.
Dramaturgia: Coletivo.
Preparação Corporal: Fabio Martins.
Direção de Arte: Andre Lu e Elisa Barboza.
Canções Originais: Coletivo.
Sonoplastia: Werick.
Idealização: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez.
Realização: Os Satyros.
De 14 e 15/12, sábado e domingo, às 16h30
Sessões com acessibilidade em Libras e audiodescrição:
Classificação: 12 anos
R$ 60 (inteira); R$ 30 (meia) e R$ 10 (promoção caso o espectador assista a um outro espetáculo do Dezembro com os Satyros)
De quanto amor precisa uma pessoa
Texto e atuação: Ivam Cabral
Direção: Rodolfo García Vázquez
Direção de Arte: Rodolfo García Vázquez.
Sonoplastia: Ivam Cabral
Realização: Os Satyros.
De 07 a 15/12, sábados e domingos, às 18h
Sessões com acessibilidade em Libras e audiodescrição:
Duração: 50 minutos
Classificação: 14 anos
R$ 60 (inteira); R$ 30 (meia) e R$ 10 (promoção caso o espectador assista a um outro espetáculo do Dezembro com os Satyros)
Cia. De Teatro Os Satyros
Praça Franklin Roosevelt, 214- Consolação, São Paulo /SPContato: 113258 6345 | 11983723093